Mianmar e seu exemplo da base
sexta-feira, agosto 14, 2015
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Mundial sub-20
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Vice-campeão dos Jogos do Sudeste Asiático no sub-23. Primeira participação no Mundial sub-20. Vitória nas duas primeiras partidas do campeonato sub-16 da região asiática. Nos adultos, o time empatou fora de casa e depois perdeu um aceitável duelo com a Coreia do Sul. Resultados bastante aceitáveis, certo? Ainda mais por estamos falando de Mianmar, que tem esse nome desde 1989 e é independente desde os anos 1950.
É inegável que a seleção deste país de cerca de 51 milhões de habitantes e que é o segundo maior produtor de ópio do mundo tem evoluído. Trabalho de base refletido em ótimos resultados. E ajudado pela paixão que é o futebol: “Nós não usávamos uma bola real de futebol. Na minha aldeia, gostava de jogar futebol, mas era difícil. Jogamos o dia todo todos os dias. Quando jogamos, não paramos. Nós jogamos até a bola estourar. Em seguida, acabou”. O depoimento é de Van Roland Hlawn Ceu, de 16 anos, estudante que mora na Nova Zelândia e acompanhou o Mundial sub-20.
Havia bons motivos para o povo birmanês acompanhar o torneio. Foi a primeira aparição de Mianmar em uma competição da Fifa, e o time não fez feio para suas expectativas. Foi de um jogador do país - Yan Naing Oo - o primeiro gol da disputa, em uma derrota honrosa para os EUA por 2 a 1.
Se o sub-20 orgulhou Mianmar, não dá para dizer menos do sub-23. O time foi vice-campeão dos Jogos do Sudeste Asiático, realizados em Cingapura. “O povo birmanês deu um apoio fervoroso à equipe. É encorajador. Acho que isso servirá como uma força motriz para o futuro do futebol birmanês”, destaca Thalun Zaung Htet, jornalista de um site local.
O trabalho de formação foi essencial em 2015 para os asiáticos. Foram formadas três equipes, para as eliminatórias da Copa do Mundo (em que empataram com Laos e perderam para a Coreia do Sul por dignos 2 a 0), para o Mundial sub-20 e para os Jogos do Sudeste. Neste último, diversos jogadores da liga nacional foram utilizados e deram uma ótima resposta, perdendo a decisão para a Tailândia.
Porém, a aposta na base não se reflete em apoio do governo birmanês. É o que conta Zaung Htet. “Fãs do futebol nacional perguntam: ‘quando será a era de ouro do futebol birmanês?’ Os líderes do país deveriam nutrir jogadores com um objetivo claro. Mas, agora, vemos campos de futebol com placar de ‘proibido jogar futebol’ em todos os lugares. Campos são explorados para fins comerciais. Um dos exemplos mais significativos: um jardim no sul de Okkalapa foi confiscado pelo Partido de Solidariedade e Desenvolvimento para transformá-lo em um condomínio”. O jornalista relata que não é pensado na construção de centros esportivos em escolas e bairros, e que planejamento em longo prazo é algo raro.
“O futebol irá prosperar quando todo o país jogá-lo. Mas, por enquanto, os responsáveis políticos não têm consciência esportiva”, endossa Win Thu Moe, diretor técnico do Yangon United, um dos principais clubes de Mianmar e tricampeão nacional. Mesmo com essa falta de planejamento e apoio político, o futebol de Mianmar apresentou excelentes resultados. Atualmente, a equipe sub-16 está jogando o campeonato regional asiático, tendo vencido suas duas primeiras partidas e marcado seis gols. Também há um time sub-15, que disputou um torneio no Japão, dois sub-14 e um sub-13.
Na Nova Zelândia, mesmo sem vencer nenhuma partida, Mianmar marcou dois gols e orgulhou os fãs. Em especial Van Holand e dois amigos, que ganharam tickets para acompanhar, no estádio, o jogo de Mianmar contra os anfitriões neozelandeses. “Somos estudantes, não estamos trabalhando e é realmente difícil para nós irmos a um grande jogo em um grande estádio. É como um sonho se tornando realidade”, conta Van Holand.
Sentimento compartilhado por Thang Thang Vanuk, 18 anos. E ele vai além no sonho: jogar pelo país ficou na cabeça. “Quero inspirar as pessoas de Mianmar como estes jogadores fizeram”.
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