Na última quinta-feira (13), o rei Bhumibol Adulyadej morreu aos 88 anos, causando uma enorme consternação no país. Além disso, provocou um período de luto que interfere em todas as formas de entretenimento, incluindo o futebol. A federação tailandesa (FAT, na sigla em inglês) decidiu cancelar o campeonato nacional, que ainda tinha três rodadas por disputar. O Muangthong United foi declarado campeão, enquanto três times caíram - sendo que dois deles ainda tinham chances reais de escaparem da queda. A decisão sobre os rebaixados, porém, ainda não está 100% tomada.
Certo mesmo é que não haverá mais jogos de futebol entre clubes no país até o fim do ano. Na Copa nacional, os finalistas Buriram e Muangthong dividirão o título. Na Copa da Liga, que estava nas semifinais, os quatro clubes foram declarados campeões. Na segundona nacional, os três primeiros colocados foram considerados promovidos mesmo faltando duas rodadas - o Port FC, terceiro colocado, era o único que ainda não tinha o acesso garantido.
Para entender a complexidade da situação, é preciso compreender a importância de Bhumibol Adulyadej para os tailandeses. O rei estava no trono há 70 anos, sendo visto como um semideus para o povo - nas escolas, as crianças aprendiam que Adulyadej era o “primeiro pai” de todos. Sua morte provocou um luto oficial de um ano, festivais tradicionais foram cancelados, o varejo está fechando mais cedo e os meios de comunicação só falam da vida de Bhumibol.
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A causa da morte do rei Bhumibol não foi revelada, mas ele estava há dias internado |
A adoração do povo com seu rei e a dor de sua perda são difíceis de comparar com algo que já tenha sido vivido no Brasil. “Eu era pequeno, mas lembro bem quando o Ayrton Senna morreu. Houve um impacto muito grande no Brasil, mas nada como está acontecendo aqui. A grande maioria das pessoas nasceu já durante o reinado de Adulyadej, e todos foram orientados a usarem roupas pretas”, explica Cleiton.
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Muangthong United, tetracampeão tailandês em temporada marcada pela morte do rei |
Mas e para quem lutava contra o rebaixamento? Entre os 18 clubes, só o lanterna BBCU tinha sua queda já consumada. Army United e Chainat, com 30 pontos, ainda podiam escapar. Porém, um dos “salvos” com a decisão, o Samut Prakan, já avisou que talvez não tenha dinheiro para se sustentar na elite. Então, tudo ainda em aberto na parte de baixo da tabela.
O atacante Josimar, ex-Lajeadense, jogou a temporada no Army United, que acabou rebaixado, e ficou surpreso com o fim da liga. “O pessoal do time ainda está tentando digerir a informação. Lógico que ninguém queria cair, mas a aceitação dos tailandeses me surpreendeu um pouco”. Só que o clube vive uma situação peculiar, conforme o brasileiro. “O próprio Army United não está brigando muito pela permanência porque o clube é o próprio exército nacional. Os tailandeses do time são todos do exército, quem manda são os generais, sargentos... E eles estão preocupados em manter a segurança do país, em evitar um momento de instabilidade".
A situação no país é esta: tudo parou pela morte do rei. O futebol tailandês está de luto, e ainda não se sabe se a seleção nacional participará das rodadas de eliminatórias para a Copa do Mundo no mês que vem. Na verdade, as indefinições sobre o futuro ainda são grandes. Certo mesmo é que o tempo, ou ao menos as tabelas dos campeonatos, parece ter congelado após o fim de um reinado de sete décadas.
Imagens: Muangthong United, Getty Images
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