O inferno do Central Español: sem dinheiro, sem jogadores e sem divisão


A situação descrita no título é o resumo mais visceral e direto que encontramos para a situação do Central Español, pequeno clube da Villa Sarmiento, na província de Buenos Aires, e que atualmente milita na Primera D, a quinta divisão nacional. “El Gallego”, apelido do clube, já teria uma campanha terrível em condições normais - só três vitórias em 28 jogos -, mas tudo piorou na metade final da disputa.

Os adversários do Central Español denunciaram à AFA (Associação de Futebol da Argentina) irregularidades nas inscrições de vários jogadores que haviam entrado em campo durante a campanha. Depois disso, o time teve mais pontos reduzidos por não ter cumprido a regra de, no mínimo, 12 atletas sub-23 em cada convocação para jogos. As únicas três vitórias foram anuladas e, após várias punições, o Central tem só três pontos (o Victoriano Arenas, 15º na tabela e logo acima do Central, tem 20).


Apenas dez jogadores entraram em campo pelo Central Español na penúltima rodada
Sem dinheiro, o clube passou a encontrar outra dificuldade nos jogos finais: não havia jogadores. Só 13 foram relacionados na antepenúltima rodada. Nesta sexta, para enfrentar o Puerto Nuevo, no estádio do Estudiantes de Buenos Aires (o Central não tem estádio próprio), havia apenas dez. Isso mesmo: só dez entraram em campo. “Temos de preparar o time com a condição de que jogaremos apenas com os dez jogadores que estão em condições legais pela AFA”, disse, antes do jogo, o técnico do Gallego, Guillermo Duben.
 
Os dez escalados
Como nada é tão ruim que não possa piorar, três dos dez atletas foram expulsos e o time levou 4 a 0 do Puerto Novo. Com a queda confirmada, aí vem o risco da obscuridade que entrará o pequeno clube sem estádio, sem jogadores e sem dinheiro. Em curto prazo, o time tem apenas sete atletas em condições de irem a campo para a rodada final da Primera D, na terça, contra o Central Ballester.

Em longo prazo, não haverá calendário para o clube na próxima temporada. Como não há uma sexta divisão na Argentina, a regra da AFA fala que o Central Español terá de ficar um ano inativo para, só depois desse período, poder retornar à Primera D. “O que encontrei nesta situação é um grupo de jogadores que não merece essa desfiliação. Outros clubes podem contratá-los para que eles possam seguir crescendo e, se não for o caso, deixarem no Central Español uma base de um plantel”, comentou Duben ao site Solo Ascenso.

Para sobreviver, sua diretoria terá mesmo de se virar, com um ano sem futebol profissional - embora chamar a Primera D de profissional seja algo controverso. Serve também para mostrar que os problemas de administração que tanto encontramos por aqui, no Brasil, não são exclusividades nossas.
 
Fotos: reprodução/Central Español
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