Dez jogos, dez derrotas, dois gols marcados, 56 sofridos, três técnicos. A primeira campanha de Gibraltar em uma eliminatória de Eurocopa foi cheia de percalços, mas há o que celebrar e motivos para esperar uma melhora nas próximas tentativas. Embora haja um problema pela frente. O pequeno território britânico ultramarino ainda não foi aceito como membro da FIFA. O que suscita uma questão importante: com o fim das eliminatórias, o próximo jogo oficial da seleção nacional será apenas no segundo semestre de 2018.
Lacuna de partidas que deve ser quebrada apenas com esporádicos amistosos em datas FIFA, algo que, sem dúvida, diminuirá o ritmo de desenvolvimento organizado pela federação de futebol de Gibraltar. Dan Griffin, 21 anos, editor do Football Gibraltar - site que, como o nome já deixa claro, é voltado para o esporte na nação de 32 mil habitantes -, ressalta a dificuldade burocrática no processo de filiação à FIFA, que está em curso na Corte Arbitral do Esporte. “São muitas as questões envolvidas no momento. O caso de Gibraltar pode demorar um pouco mais do que nós esperamos. Não ter jogos oficiais vai prejudicar a equipe, já que apenas amistosos não vão auxiliar o desenvolvimento de jogadores para o nível necessário para uma competição da UEFA”, comenta Griffin.
O próprio tamanho de Gibraltar é um problema, já que são menos de sete mil quilômetros quadrados de área. Baseando-se em Islândia e Ilhas Faroe, que desenvolveram uma infraestrutura para a prática do futebol em escolas e centros esportivos, Gibraltar tenta algo do tipo, embora a política ainda seja um entrave. Novembro é mês de eleição no território, e o desenvolvimento esportivo, por incrível que pareça, está sendo deixado de lado.
Gotze em ação contra Gibraltar nas eliminatórias |
Sim, dois gols, o que dá a Gibraltar um histórico melhor do que as campanhas de estreia de San Marino (um gol para a Euro 1992) e Liechtenstein (um gol para a Euro 1996), por exemplo. Membro com menor população da UEFA, filiado em 2013, a seleção teve três técnicos (Allen Bula, David Wilson e agora Jeff Wood), vários jogadores inexperientes e a grande maioria atuando no futebol local, que carece até mesmo de estádios. Sem nenhum em condições de receber jogos deste porte, a seleção mandou suas partidas em Faro, Portugal.
Gibraltar, com uma seleção de base, contra Ynis Môn, nos Island Games 2015 |
Lee Casciaro (7) marcou o primeiro gol da seleção em eliminatórias, contra a Escócia |
O Lincoln Red Imps é a base da seleção nacional. Dos 23 convocados para as rodadas finais da eliminatória, 11 são do Lincoln. Falta experiência internacional, o que se ganha justamente com jogos valendo pontos como na caminhada para a Euro. “Esta é a vantagem de enfrentar as principais nações do continente, o que permite que os jogadores adquiram experiência. Nós podemos ter mais disso com mais jogadores dando o salto para fora do futebol local, indo para Espanha e Inglaterra, ou mesmo outros países”, destaca Griffin, citando ainda o exemplo de Liam Walker, que já atuou em Israel.
Lincoln Red Imps fez história para Gibraltar na UCL |
As ambições gibraltinas são, como não poderiam deixar de ser, do tamanho da nação. Por enquanto, pequenas. Só que o simples fato de filiar-se à UEFA aumentou o interesse das pessoas pelo futebol local, que, se não tem como competir com grandes clubes ingleses, ao menos já recebe médias maiores de público em comparação com os anos anteriores. Com o interesse crescendo e tendo uma infraestrutura que acompanhe este crescimento, Gibraltar sonha alto. Um alto de seu tamanho, claro.
Fotos: UEFA, Vavel e Gibfootballtalk
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