Vinte e dois anos de serviços prestados à sua seleção nacional são um cartel e tanto para qualquer jogador de futebol. Só que, como tudo tem um final, mesmo que adiado por tanto tempo, a hora do adeus chegou nesta segunda, dia 12. E não podia ser em data mais marcante. Mario Frick, 41 anos, aposentou-se da seleção de Liechtenstein, um principado europeu de pouco mais de 37 mil habitantes, no mesmo dia em que seu filho, Yanik, 17, marcou para o time sub-19. Se um capítulo se encerra, um novo tem de começar.
Tal qual Lothar Matthaus, a idade fez com que o jogador mais conhecido do futebol de Liechtenstein tivesse de mudar de posição para seguir contribuindo com seu país. Já quarentão, nas eliminatórias para a Eurocopa da França, Frick deixou a grande área adversária para tentar ajudar a sua própria, virando um zagueiro central. Não foi uma troca sem efeitos colaterais: o artilheiro cometeu um pênalti tolo em um de seus primeiros jogos na posição, contra a Rússia, na dura derrota por 4 a 0.
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Contra a Islândia, em 2007, o gol que abriu o triunfo por 3 a 0 |
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Frick deixou o campo nos minutos finais contra a Áustria |
Na campanha para a Euro 2016, Liechtenstein pode comemorar cinco pontos, tendo vencido e empatado com a Moldávia, além de outra igualdade com Montenegro. Terceira campanha para Euro consecutiva com ao menos uma vitória. Uma resposta para muita gente, conforme Frick. “Depois do sorteio, todos disseram que apenas daríamos pontos aos adversários. Mas somamos pontos. Mas uma coisa é clara: se quisermos ter sucesso, devemos ter muita vontade e disposição, e o adversário estar em um dia ruim. Se um rival nos pressiona e nos coloca em nosso campo de forma permanente, não temos chance”.
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Festa contra a Letônia: foram 16 gols em 22 anos |
Em 22 anos, alguns capítulos da vida de Frick pela sua seleção ficarão marcados. Ele pode ver, dentro de campo, a evolução do país, ainda que participar de um torneio internacional seja algo distante: “Na década de 1990, éramos um time de amadores se divertindo na equipe nacional”. Só que desenvolver uma cultura esportiva não é nada fácil se você tem apenas 37 mil habitantes. Sem falar em outro problema... “Em Liechtenstein, você nasce em uma gaiola de ouro. Isso não é exatamente útil para o esporte profissional. O futebol não é reconhecido como um esporte competitivo, e os pais preferem que os filhos foquem nos estudos”, destaca o veterano.
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Cristiano Ronaldo contra Frick: empate em 2004 |
Isso sem falar na carreira por clubes. Ao chegar no Verona, em 2000, Frick ouviu que alguém de Liechtenstein não poderia jogar futebol. Sua resposta foi em campo: 80 gols por quatro clubes em nove anos - destaque para sua estadia no Siena, tendo atuado por três temporadas na Serie A.
Com 41 anos, é tempo de focar na carreira de treinador. Frick é jogador e treinador do Balzers, clube em que iniciou a carreira. E na família, que já tem veias futebolísticas. Yanik, de 17 anos, já fez dois gols pela equipe nacional sub-19. Um deles no mesmo dia em que o pai se despediu da seleção. O show, mesmo longe dos holofotes e das grandes conquistas, tem de continuar.
Abaixo, o último gol de Frick pela seleção, contra a Estônia, em 2010
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