Quando a UEFA decidiu ampliar a Eurocopa de 16 para 24 seleções em sua fase final, o senso comum foi de que o nível técnico iria cair drasticamente. Possivelmente caia mesmo, mas isso não quer dizer que o torneio será pior. Tanto que Islândia e Irlanda do Norte, duas estreantes, garantiram vaga como líderes em seus grupos - se classificariam mesmo no formato antigo. E Gales e Albânia, vices, iriam no mínimo à repescagem, um feito que já seria grandioso se formos ver os desempenhos recentes de galeses e albaneses.
E aí é que está a graça das atuais eliminatórias da Eurocopa, que terminam nesta semana. Houve uma clara melhora em muitas seleções, ao passo que algumas, casos notórios de Holanda, Grécia e Sérvia, pioraram a ponto de ficarem quase (quase pois a Holanda tem um pequeno fio de esperança) fora. E mesmo seleções nanicas, acostumadas a serem sacos de pancada, tiveram seus pequenos orgulhos.
Não há como não começar pela Albânia. Na campanha para 2012, os albaneses haviam perdido para Luxemburgo e ficado no penúltimo lugar de sua chave, distantes 11 pontos da zona de repescagem. Aliando uma base jovem com os veteranos Lorik Cana e Hamdi Salihi, o time superou as favoritas Dinamarca e Sérvia. Cana e Salihi vão liderar seu time de forma surpreendente na França, prêmio merecido para um povo apaixonado por futebol.
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Chipre tem chance de repescagem ainda |
Também vale citar o time das Ilhas Faroe, que venceu duas partidas - ambas contra a Grécia -, e ficou a um ponto de ter seu recorde em pontuações em campanhas para Euro. Só que nem só dos dois triunfos sobre os gregos viveu a campanha dos feroeses. Foi ainda a eliminatória com menos gols sofridos pelo time, ao lado da de 2000. Bons números que passam também pela renovação do time, que deixou de ter uma base envelhecida, e a aposta em estrutura, com um estádio reformulado em Tórshavn e gramado em excelentes condições.
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Ildefons Lima, artilheiro de Andorra |
Outras seleções com bases experientes e que tiveram seus momentos de brilho foram Luxemburgo e Liechtenstein. É bem verdade que ambos levaram goleadas em suas campanhas, mas também conquistaram raras vitórias. Os luxemburgueses derrotaram a Macedônia, no que foi o primeiro triunfo desde 2012. Já Liechtenstein bateu a Moldávia, encerrando um jejum de três anos sem ganhar partidas oficiais. E ambas vão para a rodada final sem segurarem as lanternas de suas chaves.
Já San Marino tem dois motivos para se orgulhar das eliminatórias de 2016. Primeiro que o 0 a 0 com a Estônia significou o primeiro ponto ganho em jogos oficiais desde 2001 e o fim de uma sequência de 65 derrotas consecutivas. Além disso, o gol na derrota por 2 a 1 para a Lituânia foi o primeiro marcado desde 2013.
Feitos maiores, como as classificações inéditas ou os retornos a grandes torneios após décadas, claro que são mais chamativos. Evidente. Mas não quer dizer que os feitos obtidos por Chipre ou Ilhas Faroe, por exemplo, não mereçam algum destaque. Não é nada, não é nada... Talvez não seja nada mesmo. Mas que o exemplo da Islândia está aí, ninguém duvida. Assim como ninguém duvida que será uma Eurocopa pra lá de divertida.
Fotos: Getty Images e Standard
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