O fim da Grécia marca o começo da Irlanda do Norte?


Nesta mesma semana, há 12 anos, a Grécia começava a viver o que seria seu maior sonho futebolístico. Em 11 de outubro de 2003, os helênicos venciam a Irlanda do Norte por 1 a 0, em Atenas, na última rodada das eliminatórias para a Eurocopa, e carimbavam vaga na fase final em Portugal - mandando a favorita Espanha para a repescagem. Todos sabemos como acabaria aquela história. Aos norte-irlandeses restou a lanterna, com três pontos.

Fim do flashback, corta para 2015. Nesta quinta, 8 de outubro, a Irlanda do Norte venceu a Grécia por 3 a 1, em Belfast, e conquistou vaga inédita na fase de grupos. A Grécia, de forma incrível, vai para a rodada final na lanterna de seu grupo, com três pontos. E ninguém sabe o que será da equipe.

Em 2003, Irlanda do Norte só observou a festa grega
Passados já 11 anos da conquista grega, aquela realidade vai ficando cada vez mais distante. Só ver que a geração que levou ao surpreendente título está quase toda aposentada - só um, o esquecido atacante Dimitris Papadopoulos, ainda joga, com 33 anos, no modesto Asteras. Talvez o último suspiro tenha sido com a quase interminável dupla Karagounis e Katsouranis, que liderou Hellas até as oitavas-de-final da Copa de 2014.

A Irlanda do Norte, por sua vez, tem alguns jogadores já em seus últimos atos na carreira - casos de Roy Carroll, Aaron Hughes e Gareth McAuley, mas a maioria explodiu na seleção na hora exata. Steven Davis e Chris Brunt jogam pela equipe há bastante tempo, mas agora, com 30 anos, poderão liderar os norte-irlandeses numa Euro. O atacante Kyle Lafferty, de 28, nunca foi lá de encher os olhos, mas marcou sete gols, sendo o artilheiro da seleção.  Ao total, dos 22 convocados para os jogos finais nas eliminatórias, nove estão na faixa dos 30 anos. E resolveram mostrar seu melhor nesta campanha, para botar o país de volta ao cenário do futebol internacional após quase 30 anos.


Já a Grécia vê em campo o reflexo do momento conturbado do país. Nos últimos torneios, até obteve seus momentos, como quando marcou seu primeiro gol em Mundial, em 2010, e quando passou de fase pela primeira vez, em 2014. Ou mesmo na Euro, quando emparelhou o jogo contra a Alemanha nas quartas de 2012. Hoje tudo parece distante. Tanto que o time não venceu ainda na campanha atual, igualando-se a um grupo nada honroso com Letônia, Cazaquistão, Andorra, Gibraltar, San Marino, Moldávia e Malta.

Em termos de experiência, para efeitos de comparação, a Grécia tem nomes, teoricamente, mais pomposos. Seis dos 22 últimos convocados  estão com 30 anos ou mais. Mas a fase é completamente distinta. O artilheiro (no Olympiakos e no Benfica) Kostas Mitroglou, por exemplo, não é nem sombra do goleador que colocou os gregos no último Mundial. Por sinal, o ataque grego nas atuais eliminatórias só tem produção superior aos amadores times de San Marino e Gibraltar.
Ilhas Faroe venceram a Grécia em Atenas e em Tórshavn
Não é coincidência o fato de a Grécia ter sido a primeira campeã europeia a perder um jogo para as Ilhas Faroe - um não, dois, pois perdeu em casa e fora. O último lugar no grupo F pode ser chamado de qualquer coisa, menos de injusto. E, 12 anos após começarem seu momento mágico, justamente contra a Irlanda do Norte, parece que a Grécia acordou, contra o mesmo rival, em um baque foi gigantesco. E os norte-irlandeses começam a sonhar.

Fotos: UEFA Dailymail e Getty Images
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