O fim do mês de janeiro marca, para o futebol brasileiro, o início das competições estaduais, da Primeira Liga e a volta, aos poucos, ao convívio da bola rolando para o torcedor por aqui. Do outro lado do mundo, o sentimento é bem parecido: vai começar a Liga dos Campeões da Oceania.
No dia 28, a fase preliminar terá início em Tonga com a participação de quatro clubes, os campeões nacionais de Samoa, Samoa Americana, Tonga e Ilhas Cook. Após três rodadas, os dois primeiros seguirão para a fase de grupos do torneio, juntando-se a clubes "conhecidos" por aqui, como o Auckland City, que, geralmente, acaba como campeão.
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Utulei Youth tenta surpreender e chegar na fase de grupos |
Um desses quatro clubes é o Puaikura, que terminou a temporada invicto nas Ilhas Cook. Foram 12 jogos na liga, com dez vitórias e dois empates. "Todas as equipes estão melhorando na região, mas ainda é muito difícil obter informações dos rivais nesta fase, então temos de nos concentrar em nosso trabalho", diz o novo técnico da equipe, Matt Calcott, que foi campeão neozelandês com o Team Wellington na temporada passada.
Nos últimos três anos, quem ganhou a fase preliminar foi o representante da Samoa. No ano passado foi o Kiwi, que não vem para a edição 2016. Em seu lugar chega o Lupe o le Soaga, que foi o vencedor desta etapa há dois anos e, se der a lógica, deverá ficar com o primeiro lugar da fase prévia.
Representante da Samoa Americana, o Utulei Youth é bicampeão de seu país, e fez história na edição passada da Liga, sendo o primeiro time do país a vencer um jogo da Liga. "Estamos tentando construir um time competitivo. Sabemos que o Le Soaga tem habilidades talvez mais precisas, mas nunca se sabe", disse um sincero treinador do Utulei, Pita Sinapati.
Hexacampeão, Auckland quer estar mais uma vez no Mundial de Clubes |
Em último nesta apresentação, aparece o anfitrião Veitongo, que conquistou pela terceira vez a liga de Tonga. O clube esteve na edição passada da Liga dos Campeões, mas não tem nenhum motivo para recordar disso: perdeu todos os jogos, sofreu 17 gols e passou longe da vaga. "Sei que o futebol não é um esporte popular em Tonga, apenas o rúgbi, mas com a competição rolando aqui talvez as pessoas venham nos apoiar", falou Timote Molene, técnico do Veitongo.
A segunda fase irá reunir 16 clubes, espalhados em quatro grupos com quatro times. Brasileiros em campo? Teremos. Todos na mesma equipe: o defensor Diego Maximo, o meia Marcelo e o atacante Pepeta vão defender as cores do Rewa, vice-campeão fijiano, que está no grupo D, ao lado do favorito Tefana, do Taiti. Os três estão emprestados pelo Amicale, de Vanuatu, e retornarão a este clube após a disputa.
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Diego Maximo |
A estrutura que Diego, Marcelo e Pepeta encontraram não é das melhores em termos de futebol, mas não deixa nada a desejar fora das quatro linhas. "Eles têm o necessário: um bom campo, uma bola e a paixão pelo futebol. Em Vanuatu, moramos num hotel quatro estrelas. Aqui em Fiji, vivemos numa casa boa, com muito boa alimentação e tranquilidade. O reconhecimento é muito grande quando se trata de brasileiros. Acredito que vamos fazer história com este clube, quero continuar nessa região e ajudar a desenvolver o esporte por aqui", projeta Diego.
E há ainda um treinador brasileiro na disputa. O gaúcho Juliano Schmeling treina a seleção nacional de futsal das Ilhas Salomão - foi o comandante da equipe nos últimos dois Mundiais, incluindo o que rolou na Colômbia há três meses -, e também está à frente do Marist Fire, campeão de seu país em 2016. Será a primeira participação do time em uma Liga desde 2010.
Juliano chegou ao Marist no segundo semestre de 2015, com o clube da capital Honiara tendo sido penúltimo na tabela da liga anterior. No primeiro ano, terminou em terceiro. No segundo, conquistou o título: "O fato de eu ser brasileiro ajudou muito. Falar inglês também, me ajudou a entender a cultura deles, o modo de vida e eles aceitaram minhas ideias", destaca.
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Juliano (7º da esquerda para a direita, na fileira do meio) ganhou a liga nacional das Ilhas Salomão em 2016 |
O desafio para Juliano, para os brasileiros em Fiji e para os outros 13 clubes é, basicamente, acabar com a hegemonia do Auckland City. O time neozelandês é atual hexacampeão, e vem de novo como grande favorito. Mas dá para acreditar em zebra, conforme Diego Maximo. "Eles não são tudo isso! Ano passado estávamos ganhando e perdemos no finzinho. Vamos encarar cada jogo como uma final", conta o zagueiro, que, com a camisa do Amicale, perdeu para o Auckland por 3 a 1 na fase de grupos de 2016.
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Juliano Schmeling treina o Marist Fire, que volta à Liga após sete anos |
Primeira fase - em Tonga
Puaikura (Ilhas Cook), Utulei Youth (Samoa Americana), Lupe o le Soaga (Samoa) e Veitongo (Tonga).
Segunda fase
Grupo A - na Nova Caledônia
Magenta (Nova Caledônia), Hekari United (Papua Nova Guiné), Central Sport (Taiti) e segundo colocado da fase preliminar.
Grupo B - na Nova Caledônia
Team Wellington (Nova Zelândia), Ba (Fiji), Hienghène Sport (Nova Caledônia) e vencedor da fase preliminar.
Grupo C - na Nova Zelândia
Auckland City (Nova Zelândia), Malampa Revivors (Vanuatu), Lae City Dwellers (Papua Nova Guiné) e Western United (Ilhas Salomão).
Grupo D - no Taiti
Tefana (Taiti), Marist Fire (Ilhas Salomão), Rewa (Fiji) e Erakor Golden Star (Vanuatu).
Imagens: divulgação/OFC
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