O que dizer após levar 44 a 1? Conheça a história do Indi Native


Diego Culqui é um dos tantos personagens invisíveis do futebol sul-americano. Das camadas menos observadas e prestigiadas de um futebol que sobrevive a duras penas, em condições precárias, mas... Que sobrevive. Culqui é técnico e presidente do Indi Native, clube que perdeu para o Pelileo (time da foto acima) por 44 a 1 - quarenta e quatro a um - na rodada mais recente da terceira divisão equatoriana.

Para começar a entender um resultado desses, é necessário contextualizar. O Indi Native, que é de Ambato, no centro do país, está participando pela primeira vez da liga. Praticamente todos os seus atletas, que são amadores, vêm de aldeias indígenas em regiões como Canton Quisapincha, Pilahuin e Salasaca.

Culqui não chega ao ponto de dizer que levar 44 gols em 90 minutos foi um acidente, como já vimos em outras goleadas acachapantes. Mas admite que foi exagerado, ante um rival que quase subiu para a Série B na temporada passada: "Sabíamos que iríamos perder, mas não por um escore tão volumoso. Nossos jogadores não estavam ambientados com o clima frio, já que em Ambato faz um tremendo sol".

O placar deve representar um novo recorde para a FIFA em termos de maiores goleadas da história do futebol entre clubes em ligas nacionais. O maior registro, até agora, vem do longínquo ano de 1885, quando um jogo na Escócia acabou 36 a 0. Isso se não consideramos um absurdo 149 a 0 em Madagascar em 2002, quando um time fez centenas de gols contra propositalmente em protesto contra a arbitragem.


É importante dizer que, além de presidente e treinador do clube, Culqui é também o fundador do Indi Native, um projeto que visa revelar jogadores das regiões indígenas do Equador. Porém, a cidade de Ambato ainda reluta em abraçar a causa. "É difícil encontrar campos com iluminação para treinar. Ou, quando achamos, são muito caros. Os jogadores já me disseram que não estão aqui por dinheiro, estão apenas por levar o time adiante", afirma, contando ainda que todos os atletas têm outras profissões e, para o duelo com o Pelileo, foram apenas três dias de treino em um turno cada.



Com dificuldade para manter um time em condições mínimas de disputa, o presidente e faz tudo do Indi Native ainda diz que vários sindicatos locais foram procurados para ajudarem o clube. Nenhum deu resposta positiva.

A derrota por surreais 43 gols de diferença tornou o Indi Native notícia em vários portais. Virou manchete no Brasil, na Europa e em outros lugares. Mas virar piada não é um motivo de preocupação para Culqui. O foco está em seguir a caminhada árdua de revelar talentos. De cabeça em pé: "Outros times já foram goleados antes. Vamos seguir em frente".

Foto: www.ecuavisa.com
Share on Google Plus

Comente com o Facebook: